A crise gerada em função da pandemia da Covid-19 impactou diversos segmentos, dentre eles, o educacional. Segundo levantamento do Sindicato dos Professores de São Paulo, 1.674 profissionais foram desligados desde o início de abril. A estimativa é a de que o número seja ainda maior, já que as rescisões homologadas no sindicato são apenas de professores com pelo menos um ano de casa. Muitos professores não concordaram com a redução brutal de carga horária e foram demitidos.
Tem professor que tinha 40 horas-aula e que ficariam com 3 horas-aula. Alguns preferem não concordar e são demitidos. Outros preferem se manter por causa do plano de saúde e preferem ter alguma redução de salário a não ter nenhum salário, afirma Celso Napolitano, diretor do Sinpro. As instituições de ensino por sua vez justificam as demissões e redução de carga horária em função da redução de alunos matriculados.
Somado a isso, as instituições argumentam aumento da evasão escolar e da inadimplência. Em maio, o Ministério da Educação (MEC) suspendeu o pagamento de parcelas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) por causa da pandemia do coronavírus. O Fies é um programa de financiamento para estudantes cursarem o ensino superior em universidades privadas.
Com a proliferação da doença, as universidades implantaram em 100% o ensino à distância no primeiro semestre e, com isso, aproveitaram para demitir os professores.As salas de aula virtuais chegam a ter 180 alunos ao mesmo tempo e um único professor para aplicar o conteúdo. Outro problema identificado pelo sindicato é o uso de aulas gravadas por professores que foram demitidos e não possuem mais vínculos com a instituição. As aulas continuarão sendo usadas nos próximos anos para novas turmas. Apesar das demissões, algumas instituições estão contratando professores. Mas agora os novos contratos são como Pessoas Jurídica (PJ) enquanto os dispensados eram em regime da Consolidação das Leis do Trabalho(CLT). Algumas instituições já contratam professores usando a palavra”tutor” na descrição da vaga. A proposta visa tirar o protagonismo do educador e colocá-lo no papel de orientador, com presença mínima, indireta ou inexistente.
Data: 03/09/2020